por Tó Zé Rodrigues, em 01.12.20

Um longo caminho tem sido percorrido nas sociedades democráticas da nossa época, em particular desde o início do século XX, para o reconhecimento dos direitos políticos às mulheres, desde o direito ao voto até ao exercício de cargos públicos elegíveis.
Também em Portugal, apesar do atraso imposto pelo regime do "Estado Novo" e pelo peso da tradição, que mantém a mulher afastada da gestão da "coisa pública" e da "representação política" por mandato dos seus concidadãos, a mulher tem vindo a afirmar de forma indelével a sua presença no campo da Política, mais pela qualidade do que pela quantidade.
Aqui como no resto da Europa não deixa de carregar com o peso da discriminação e da avaliação marcada por uma ideologia de suposta superioridade do género "oposto".
A este propósito publicou o Diário de Notícias de 04.09.2006, um artigo de Joana Amaral Dias sob o título "Política imberbe", em que analisa e comenta algumas das coisas que se têm escrito relativamente a Ségolène Royale (possível candidata à presidência francesa), a Michelle Bachelet (Presidente do Chile), e a Angela Merkel (chancelerina alemã).
E cito " Independentemente das opções políticas destas mulheres, o facto de existirem enquanto protagonistas de relevo representa uma mudança substancial. Mas a forma como são ainda tratadas e retratadas diz tudo sobre o muito que terá ainda que mudar."
Mudanças políticas e legislativas, por certo. Mudanças sociais, sim. Mas fundamentalmente mudanças culturais e ideológicas. É o que eu penso. Não, não é nenhuma campanha de alfabetização ou acção choque para prevenção do tabagismo que será preciso.
Bastará talvez uma análise química, tipo análise da "lágrima de preta".
Na verdade, tal como no caso da cor , no do género, a discriminação das pessoas, a negação teórica ou prática do exercício dos seus direitos, ou a menorização, a que pretexto for, das suas capacidades com base em falsas questões não só é injusta como resulta num prejuízo incomensurável para toda a sociedade que essas pessoas poderiam servir.
Tó Zé
[ publ. 2006 ]